No aniversário de 33 anos do Parque Chico Mendes, o melhor presente para o Rio de Janeiro será a extensão da área até Marapendi
Vera Chevalier,membro do Subcomitê Lagunar de Jacarepaguá do CBH Baía de Guanabara.
O Rio de Janeiro é uma cidade internacionalmente conhecida por suas belezas naturais. As curvas do Morro da Urca, do Pão de Açúcar e do Corcovado, com o icônico Cristo Redentor, encantam pessoas de todo o mundo. E ainda mais o Jardim Botânico, incrível área verde da zona sul, onde é possível passear em meio a um dos principais centros de pesquisa botânica existentes em todo o mundo. Além de todas as praias da cidade, sem esquecer do belo mosaico de pedras portuguesas que marca a orla de Copacabana.
Por falar em beleza natural, o Subcomitê Lagunar de Jacarepaguá, integrante do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, instituição da qual orgulhosamente faço parte, abriga em seu território o Parque Natural Municipal Chico Mendes (PCM), onde está localizada a Lagoinha das Taxas.
Também integra os limites do Subcomitê, entre outras, a Lagoa de Marapendi, que margeia o litoral entre a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes. Esses dois corpos hídricos, a Lagoinha e a Lagoa de Marapendi, estão ligadas pelo Canal das Taxas. Essa ligação, no entanto, pode, e deve, ir além no sentido de conceder a esse trecho proteção integral, tal qual os dois parques citados.
Já existe na Secretaria Municipal de Meio Ambiente um processo para ampliar os limites do Parque Chico Mendes pelo lado leste até a borda do Parque Marapendi. Criar esse corredor de biodiversidade ligando os dois parques aumentará a área total do PCM de 40,6 para 50,9 hectares. Essa proposta amplia o grau de proteção local e, por consequência, favorece a integração de políticas públicas direcionadas às unidades de conservação e de recursos hídricos.
À primeira vista, parece pouco os cerca de 10 hectares a mais que o Parque Chico Mendes ganhar, principalmente se considerarmos a região metropolitana da cidade. Mas falar em preservação ambiental nesta área significa muito: é também dar uma resposta à pressão que a verticalização dos imóveis do entorno e as ocupações irregulares representam, com mais concreto, mais impermeabilização do solo que, entre outras questões, significam maior fragilidade a esses preciosos fragmentos remanescentes de restinga. Esse entendimento não é contra o acolhimento de pessoas na região.
Nossa luta no CBH Baía de Guanabara é justamente que todos os moradores tenham acesso ao abastecimento de água e esgotamento sanitário com o uso adequado do solo. Estamos sintonizados pela garantia de qualidade de vida de todos os habitantes da região, seja os humanos, a fauna, a flora, os recursos hídricos. Acrescentar ao Parque Chico Mendes este corredor verde fazendo integração com o Marapendi é uma forma que enxergamos para consolidar um ecossistema já estabelecido na região oeste do Rio de Janeiro.
O Parque Chico Mendes, que comemorou 33 anos no dia 8 de maio, é morada do jacaré de papo amarelo, que encontra abrigo na Lagoinha e usa as margens para seus ninhos. Capivaras, preguiças, calangos, mais de 110 espécies terrestres ali estão reunidas. Acrescentemos a esse número 120 espécies de aves já observadas. Temos ainda registro de peixes e outros animais nas margens, além de cerca de 100 espécies de borboletas, consideradas bioindicadores de um meio ambiente saudável, que se somarão às muitas espécies também encontradas no Parque Marapendi.
A preservação ambiental é uma luta para todos. Todos nós precisamos entender que somos habitantes de uma cidade que precisa ser preservada, para continuar existindo.