No último dia 01 de outubro, um acidente entre dois caminhões na BR-116, no município de Magé, provocou o vazamento de combustível no Rio Suruí. Um dos caminhões transportava emulsão asfáltica e o outro, diesel e gasolina. Os combustíveis rapidamente se espalharam pelo curso do rio e já chegaram na Baía de Guanabara.
Pescadores e catadores de caranguejo da Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé (ACAMM) e da Rede AHOMAR relatam que a contaminação do manancial está acarretando na mortandade de peixes. Também foi relatada a morte de caranguejos em pleno período de defeso, que é a temporada de reprodução e desenvolvimento da espécie. Os pescados são a fonte de sustento de várias famílias na região, logo, a curto e a médio prazo essas famílias serão afetadas.
De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), assim que foi acionada para mitigar os danos do acidente, a Gerência de Operações em Emergências Ambientais com Produtos Perigosos (GEROPEM) esteve no local para ações de mitigação do acidente e coleta das amostras da água para monitorar o nível de contaminação. Além disso, foram realizadas ações de varredura para identificar o impacto da contaminação, sobrevoo na foz do Rio Suruí, remoção dos veículos acidentados, delimitação da área de atuação, contenção do resíduo, reposicionamento das barreiras de contenção, monitoramento de explosividade e planejamento de ações em conjunto com a Prefeitura de Magé.
O Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá (CBH Baía de Guanabara) vem, por meio desta nota, apresentar sua preocupação com a contaminação do Rio Suruí e os prejuízos que estão sendo acarretados após o acidente para a população do entorno e para a fauna e flora.
O acidente demonstra, de forma clara, a vulnerabilidade, sobretudo do Eixo Leste da Região Hidrográfica V (RH-V) em situações de acidentes que impactam os corpos hídricos. Além disso, a contaminação mostra que há uma população de comunidades tradicionais que depende do ecossistema para sobreviver e que quaisquer alterações nesse ambiente, afeta o meio de sustento.
Desde que o colegiado foi informado sobre a situação, o CBH Baía de Guanabara está se esforçando em conjunto com diversos atores sociais, como a Prefeitura de Magé, INEA e ACAMM na contenção e na análise da extensão do dano ambiental.
Como forma de reduzir os danos em acidentes semelhantes a este, estamos elaborando um Plano de Gerenciamento de Risco da região hidrográfica, afim de reduzir os impactos das mudanças climáticas, eventos extremos e acidentes que envolvam os corpos hídricos.
Reforçamos que o CBH Baía de Guanabara contribui para a construção de soluções e de políticas públicas setoriais e relacionadas à ocupação do solo, a partir do conhecimento do seu colegiado, formado por membros da sociedade civil, usuários da água e poder público, em prol da garantia da água em quantidade e qualidade para todos os cidadãos.