Na última segunda-feira, dia 29 de abril de 2024, o superintendente do IBAMA/RJ, Rogério Rocco, convocou um encontro entre lideranças da pesca artesanal da Baía de Guanabara e representantes do Conselho Regional de Química (CRQ), da Comissão de Meio Ambiente da ALERJ, do INEA , do ICMBio e da Força Tarefa do Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá (CBH BG) para esclarecimentos sobre o impacto da contaminação por tolueno na qualidade da água e do pescado na região leste da Baía de Guanabara.
Durante a reunião, o presidente do INEA, Renato Jordão, e o diretor de Segurança Hídrica e Qualidade Ambiental do órgão, Cauê Bielschonsky, apresentaram os resultados da campanha de monitoramento da qualidade da água que vem sendo realizada na região e informaram que, assim que consolidados os dados, será feita comunicação técnica sobre o conjunto de analises relativas à investigação em curso. Segundo Cauê Bielschonsky, a crise vem sendo enfrentada com total empenho dos órgãos técnicos envolvidos, e que o canteiro de emergência chegou a ter 500 servidores investigando as causas da contaminação e adotando medidas para o restabelecimento do abastecimento do Sistema Imunana-Laranjal.
Em seguida, o professor da PUC-Rio, Renato Carreira, apresentou os resultados da campanha de monitoramento realizada pelo Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais da entidade em pontos próximos aos monitorados pelo INEA.
Para o presidente do Sindpesca/RJ, Alexandre Anderson, é importante entender quais os impactos efetivos da contaminação. “Como analisar os danos às espécies de pescado e de crustáceos afetados pela contaminação? O solo e o lençol freático foram afetados? Qual o destino do material retirado da área contaminada? E, por fim, os pontos de coleta a montante do que se considera “ponto zero” da contaminação nos rio Guapiaçu e Macacu estão sendo monitorados?”, questionou Alexandre.
O presidente do INEA informou que o descarte do material retirado da região afetada está sendo realizado em áreas permitidas, sendo operacionalizado por empresas qualificadas, como a Ambipar. Renato Jordão ainda garantiu que é compromisso do INEA ajudar os pescadores durante essa crise, colocando o órgão à disposição para acompanhar o grupo de pescadores em vistoria aos trechos do rio que indicarem.
Ao fim da reunião, foram acordados os seguintes encaminhamentos:
1. agendar vistoria conjunta entre liderança dos pescadores e órgãos ambientais de trechos dos rios Guapiaçu e Macacu, onde pescadores receiam haver fontes de contaminação;
2. prever a inclusão dentre os temas abordados no plano de gerenciamento de risco – a ser contratado pelo Comitê da Baia de Guanabara – de temas relacionados à pesca artesanal, agricultura e pecuária;
3. promover debate sobre a revisão da periodicidade e dos parâmetros monitorados para qualidade da água no Sistema Imunana-Laranjal, considerando os riscos impostos à qualidade da água pelas diferentes atividades econômicas desenvolvidas na região;
4. promover, junto aos órgãos ambientais e à Alerj, debate sobre criação de legislação estadual com previsão de padrão de qualidade para pescado que garanta segurança alimentar, com protocolo para suspensão da pesca e imediato apoio financeiro emergencial aos pescadores artesanais em caso de acidentes, como o enfrentado no leste fluminense;
5. Notificar a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento sobre a necessidade de monitoramento da qualidade do pescado, gado e produtos agrícolas produzidos na região, tendo em vista a contaminação da área por tolueno;
6. ao representante da Comissão de Meio Ambiente da ALERJ, Gehard Sardo, foi solicitada audiência publica sobre a crise – que deve se estender, porquanto a origem e os culpados pela contaminação por tolueno não forem elucidados;
7. tendo em vista a lacuna relativa ao monitoramento das águas subterrâneas na região, foi solicitada articulação para esse fim.
O CBH Baía de Guanabara realiza, desde 2021, o programa de monitoramento quali-quantitativo da Região Hidrográfica V (RH-V), onde são coletadas amostras da água de 93 pontos de toda a região para análises de parâmetros físicos, químicos e biológicos. No Trecho Leste da RH-V, 23 pontos são monitorados entre os rios Guapiaçu, afluente do rio Caceribu, Rabelo, Itaperi, Duas Barras, Papucainha, Cassiano e Macacu. Os últimos resultados desse monitoramento podem ser vistos neste link.
A Cedae continua a disponibilizar laudos diários do monitoramento de tolueno que promove na saída do Sistema Imunana-Laranjal. Veja o relatório atualizado: https://storage.googleapis.com/site-cedae/Qualidade_da_Agua/RelatorioLaranjal/LAUDO%20-%20AT%C3%89%2002-05%20Parcial.pdf.