A Lagoa de Camorim (foto) é um dos pontos de pesca na região de Jacarepaguá e está sendo revitalizada. Créditos: Luiza Bragança
Integração

Pescadores de Jacarepaguá retomam gradativamente atividades na região

O retorno se deve à recuperação ambiental; durante 10 anos, os pescadores precisaram se deslocar para locais distantes para obter seu sustento

Após cerca de 10 anos, os pescadores de Jacarepaguá estão retomando suas atividades nas lagoas da região. O motivo é o retorno das tilápias, pescado famoso para consumo, o que sinaliza uma melhora na qualidade da água, devido à recuperação ambiental, principalmente com a revitalização da Lagoa do Camorim.

Na última década, as lagoas da região estiveram extremamente poluídas e, portanto, impróprias para utilização, devido ao despejo de esgoto in natura nas águas. Isso impactava os pescadores, que precisavam se deslocar para outras cidades, como Maricá, que fica a cerca de 75 km de distância, para obter seu sustento.

Alguns deles, inclusive, abandonaram a profissão. O presidente da Associação de Pescadores da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, Lagos e Rios Adjacentes e coordenador do subcomitê Jacarepaguá, Michel Costa, diz que pescadores relataram prejuízo de quase R$ 400 em alguns dias devido aos custos de deslocamento e à dificuldade para encontrar peixes. “Isso forçou muitos deles a largarem a profissão e migrarem para o setor da construção civil, por exemplo.”

Ações de melhoria na região

O retorno das tilápias às lagoas da região está sendo percebido desde a Semana Santa, período de grande demanda do pescado. Mesmo com a sinalização de uma melhora na qualidade do manancial, atestada pelo retorno dos peixes, Michel alerta para a importância de ações da concessionária de tratamento de água e esgoto para a limpeza das águas. “O aparecimento dos peixes na lagoa é um sinal de melhoria da qualidade, mas o cenário ainda não é o ideal. É sempre necessária a realização de ações que visem à melhoria das condições das águas, principalmente para consumo da população. E essas iniciativas têm que vir das concessionárias de água e tratamento de esgoto.”

A concessionária Iguá, responsável pelo fornecimento e tratamento de água na região, informa que, como parte dos compromissos previstos no Contrato de Concessão, investirá R$ 250 milhões na implementação da dragagem de cerca de 2,3 milhões de metros cúbicos de lodo e sedimentos finos na Lagoa da Tijuca, Canal de Marapendi, Lagoa de Jacarepaguá, Canal da Joatinga e Lagoa do Camorim, que será iniciada em dezembro. O objetivo é permitir o restabelecimento do fluxo de água nas lagoas, possibilitando sua oxigenação, bem como as trocas com o mar, que são importantes para o reequilibro do ecossistema. Aproximadamente um milhão de pessoas da região serão beneficiadas.

Além disso, a concessionária já retirou mais de 150 toneladas de resíduos das lagoas, que estão sendo limpas e tendo o manguezal recuperado, com o plantio de 80 mil mudas de mangue cultivadas em um viveiro desde dezembro de 2021. A concessionária também promoveu a limpeza e o cercamento de 5,2 km de margens da Lagoa do Camorim.

De acordo com o último relatório do monitoramento quali-quantitativo da Região Hidrográfica V (RH-V), a avaliação dos rios da região se alterna entre boa e muito ruim. Confira todos os relatórios do programa.




www.comitebaiadeguanabara.org.br