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Jardim Gramacho ainda aguarda saneamento básico

Situado a 30 quilômetros da praia de Copacabana, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, está o Jardim Gramacho. O bairro integra a cidade de Duque de Caxias, cujos moradores, além do gentílico caxiense, carregam consigo o rótulo de sobreviventes.

Nas manchetes dos jornais, Gramacho é destaque pela ausência de saneamento básico, que resulta na destinação incorreta dos dejetos e na falta de tratamento de resíduos sólidos.

Durante 34 anos, lá foi lugar de despejo de mais de 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos, que deram origem ao maior lixão da América Latina. Até que, em 2012, às vésperas da Conferência Rio+20, o local foi fechado e teve suas atividades encerradas, ação considerada na época símbolo de avanço da política ambiental. Junto da iniciativa vieram promessas de universalização do saneamento básico e desenvolvimento sustentável, que, no entanto, não se concretizaram.

De acordo com o IBGE, a cidade apresenta 85,3% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 47% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 68,2% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada.

Portas fechadas para o passado – e também para o futuro
As portas do lixão foram fechadas em cumprimento à Lei Nº 12.305, de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A legislação determinou o encerramento das atividades em lixões, associado a medidas de inclusão social. Matéria publicada pelo portal G1 em 2022, após 10 anos do fechamento, informava que as montanhas de lixo, onde catadores disputavam espaço e materiais recicláveis com animais, deram lugar a uma imensa área verde, mas a transformação não foi acompanhada de investimentos em saneamento básico – fator fundamental para o desenvolvimento e inclusão social. Sem saneamento, mais de 40 mil moradores da região – segundo dados do Fórum Comunitário de Jardim Gramacho – não têm acesso a água tratada nas torneiras, banheiro com chuveiro e nem vaso sanitário.

Além de afetar a saúde dos moradores por favorecer a incidência de doenças de pele e viroses, a falta de esgotamento sanitário acende um alerta para o comprometimento da qualidade das águas do rio Sarapuí, que cerca a região e deságua na Baía de Guanabara. Isso sem falar da presença de chorume que, em contato com o lençol freático, contamina as águas subterrâneas.

Realidade alimentou ficção
A vida dos catadores que trabalhavam em Jardim Gramacho e de lá retiravam o seu sustento e de seus familiares, por diversas vezes, serviu de enredo para novelas de TV, filmes e obras de artes plásticas.

A dura face do descaso ambiental e da extrema pobreza também chegaram à maior premiação do cinema. Em 2011, “Lixo Extraordinário”, filme do artista plástico Vik Muniz, foi indicado para o Oscar de Melhor Documentário. Na trama, o artista brasileiro se junta aos catadores para garimpar “tesouros” em meio às pilhas de lixo.

E, mesmo depois de fechado, Gramacho serviu de inspiração para a novela “Avenida Brasil”, levada ao ar em 2012, que projetou de forma cênica para todo o Brasil a realidade de quem ali viveu.

*Com informações da Agência Pública e Portal G1




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