Foto: Diego Miranda/Prefácio Comunicação
Integração

Combate à poluição das lagoas de Maricá

Projetos realizam o combate à poluição das lagoas da região, que sofre com o despejo de esgoto in natura.

Com cerca de 197 mil habitantes, Maricá é um município que contempla 46 quilômetros de praias e um grande complexo lagunar. Nos últimos tempos a cidade sofreu um acelerado aumento populacional e da demanda da construção civil e, consequentemente, ocasionou a crescente carga de efluentes in natura despejados nas lagoas, que já acontece há muito tempo. A partir disso, a cidade enfrenta graves desafios ambientais, sendo necessárias ações de redução de danos.

O Projeto Lagoa Viva é uma iniciativa conjunta da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (CODEMAR) e da Universidade Federal Fluminense (UFF), em operação na região desde 2021. O programa tem como objetivo revitalizar as lagoas locais por meio do uso de microrganismos vivos.

Em agosto de 2021, o município inaugurou a primeira biofábrica para produção de bioinsumos que, três meses mais tarde, foram lançados nos ecossistemas. De acordo com o projeto, os resultados alcançados em um ano de trabalho demonstraram o aumento de 200% nas espécies da fauna e da flora da Lagoa de Araçatiba, primeiro local a receber as ações. O objetivo e indicação deste tipo de projeto é o de remediar o “tapete” orgânico que repousa sobre o fundo das lagoas, exatamente devido ao lançamento do esgoto in natura por muitas décadas.

Chamada ‘microrganismos eficazes’, a técnica foi importada do Japão por pesquisadores da UFF. Atualmente, a cidade possui autonomia para realizar análises das amostras de água e dos sedimentos coletados periodicamente nas lagoas. Em 2022, foi instalado o Laboratório de Pesquisa e Inteligência Ambiental, que estuda a qualidade e a quantidade de organismos vivos, partículas de microplástico, matéria orgânica em decomposição e nutrientes do sistema lagunar.

Entretanto moradores da região alegam que não dá para afirmar se houve uma melhora da qualidade da água e questionam a efetividade do projeto.

A realidade do sistema lagunar

O que garantiria o a eficácia deste método seria a comprovação da diminuição de esgoto na Lagoa, que ainda não foi apresentado, e a necessidade de um efetivo sistema de saneamento sanitário, com redes coletoras separadoras, bombeamento e Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) em todo o território do Subcomitê, como afirma a coordenadora do Subcomitê do Sistema Lagunar Maricá-Guarapina, Flávia Lanari.

“Não dá para dizer que está tudo bem, pois é necessário que outros pontos do sistema lagunar sejam monitorados. Além disso, a população não tem acesso aos resultados e não sabemos se de fato os microrganismos lançados auxiliam no combate à poluição. Executar este projeto sem que antes de universalize o efetivo e eficaz tratamento do esgoto de toda a região hidrográfica significa apenas ‘enxugar gelo’ e desperdício de dinheiro público”, afirma.

Flávia também questiona como o aumento dos microorganismos despejados nas lagoas podem impactar o ecossistema local. “Outra incógnita é sobre o aumento cumulativo desses microorganismos nas lagoas e que impactos isso poderá acarretar no ecossistema lagunar.” No início do projeto foi organizado um Grupo de Trabalho de acompanhamento do projeto e o próprio Subcomitê convidou a Prefeitura Municipal para um diálogo sobre o assunto, porém nenhuma parceria foi sinalizada e o GT foi paralisado por falta informações.

Flávia também reforça a necessidade de ações que melhorem o sistema lagunar como um todo, uma vez que o esgoto in natura continua sendo lançado nos corpos hídricos. “É necessário que as ações cheguem a todo o sistema lagunar. Combater a poluição apenas em alguns pontos não irá melhorar a situação, pois o esgoto continua sendo lançado nas lagoas.




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