Integração

Crescimento da população ameaça ainda mais o abastecimento de água em Maricá


Com belas paisagens naturais e mais de 50 quilômetros de praias, Maricá é o destino ideal para quem deseja viver com calma e longe da agitação das grandes metrópoles. Localizada a 60 quilômetros da capital fluminense, tem o sexto melhor Índice de Desenvolvimento Humano e uma das maiores rendas per capitas do estado fluminense. Graças aos royalties do petróleo, Maricá vem se firmando como motor de desenvolvimento socioeconômico.

Em 2022, os royalties renderam R$ 2,5 bilhões ao município e este ano de 2023 o valor chega próximo dos R$ 4 bilhões, colaborando para elevação da qualidade de vida da população ao viabilizar uma série de políticas públicas e investimentos. Na área da saúde, por exemplo, os recursos aplicados pela administração municipal estão sempre acima do mínimo previsto na Constituição.

Há uma década, o município lançou a mumbuca, uma moeda social pensada para combater a pobreza e fomentar a economia local. Um benefício mensal de 200 mumbucas (ou reais) é destinado aos mais de 40 mil moradores que recebem até três salários mínimos por mês. Outro exemplo é o transporte gratuito da frota dos “ônibus vermelhinhos”, que circulam pela cidade desde 2014, quando o programa tarifa zero foi implantado.

Todos os atrativos, somados aos investimentos em diversificação da economia, têm atraído mais moradores a cada ano. Na última década, Maricá viu sua população dobrar de tamanho, passando de cerca de 100 mil habitantes para mais de 200 mil. O crescimento acelerado, no entanto, preocupa ambientalistas e especialistas da área de recursos hídricos.

Isso porque apenas 36,75% da população de Maricá é atendida com abastecimento de água, frente à média de 90,73% do estado e de 84,2% do país; 106.044 habitantes não têm acesso à água por meio da rede pública. Em relação à rede de coleta de esgoto, a situação é ainda mais desafiadora: somente 4,53% da população total de Maricá tem acesso aos serviços de esgotamento sanitário.

De acordo com a membro do Subcomitê Maricá-Guaparina, Flávia Lanari, o município não possui mananciais significativos próprios. A região do Centro de Maricá e alguns bairros adjacentes recebem a captação do rio Ubatiba, enquanto a população dos bairros de Bananal e Ponta Negra, no 2º Distrito, é abastecida pela captação no rio Doce. Do Imunana-Laranjal a água que chega abastece parte dos bairros de Inoã e Itaipuaçu. Estão em andamento as obras de ampliação da ETA Bananal e a instalação de uma adutora para que a água captada seja encaminhada para o Centro e entorno para suprir o desabastecimento usual da região.

“Há pessoas que têm poços artesianos, mas muitos não têm condições financeiras para isso. Para complicar, há risco de contaminação dos poços, já que a grande maioria dos bairros não possui rede de coleta de esgoto, é uma situação muito preocupante. Maricá, de fato, tem muitos atrativos, mas não tem infraestrutura hídrica e sanitária para sustentar esse crescimento”, afirma Flávia. Segundo ela, o Subcomitê Maricá-Guaparina tem tentado atuar junto à Prefeitura para minimizar o problema, em vão. “Chegamos a destinar uma verba do Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FUNDRHI) para a elaboração de projetos para três locais à montante das captações, mas a prefeitura dificultou o consenso sobre o acordo e resolvemos indicar um estudo de concepção para estes locais, onde há problemas pontuais.”

Flávia esclarece que as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) existentes tratam um volume muito pequeno de efluentes, pois, além da baixa capacidade de recebimento e tratamento, a estrutura da 1ª ETE do município é bastante antiga. Esta foi reformada, mas não teve aumento na sua capacidade de tratamento. “Tentamos implementar vários projetos de esgotamento sanitário em parceria com a Prefeitura e a Companhia de Saneamento de Maricá (Sanemar), mas não conseguimos evoluir, porque a prefeitura não concordou com os termos do acordo que previa cronograma e compromissos de datas e outros”. A especialista pondera que a região tem recebido investimentos em várias frentes relacionadas ao turismo e à instalação de empresas, o que é muito positivo. “Mas a população precisa de saneamento básico e água de boa qualidade para ter uma boa qualidade de vida e, assim, prosperar junto com o município”, completa.

Segundo o portal de notícias GB News, o fornecimento de água em Maricá vem ocorrendo de forma irregular há tempos. Nas redes sociais, são inúmeras as reclamações de que as torneiras ficam secas rotineiramente, principalmente em Itaipuaçu, o maior distrito de Maricá. Lá, segundo os internautas, o desabastecimento é constante.

Ao buscar respostas junto à Águas do Rio, concessionária responsável pelo abastecimento em Maricá, o portal obteve a seguinte resposta: “A Águas do Rio informa que mantém a rotina de abastecimento programada na região e solicita envio da matrícula dos clientes para verificação pontual. A concessionária reforça que está à disposição dos clientes através do 0800 195 0 195, que funciona por mensagens via WhatsApp ou ligações”.




www.comitebaiadeguanabara.org.br