Integração

Lagoa do São Bento: santuário que demanda atenção

Sentimento de pertencimento e preocupação em proteger manancial hídrico crescem a cada dia

Em Maricá, uma cava de extração de areia fez aflorar o lençol freático e deu origem à Lagoa do São Bento, considerada, atualmente, um corpo hídrico da região hidrográfica da Baía de Guanabara. Abrigo de espécies silvestres, algumas delas ameaçadas de extinção, a lagoa se tornou objeto de defesa ambiental por moradores e pesquisadores.

Morador do entorno, o biólogo e ambientalista Jorge Pontes também é professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e, nos últimos anos, tem se dedicado a estudar a lagoa e alertar a comunidade para a importância de sua preservação.

“A Lagoa do São Bento é amenizadora climática, reduz os riscos de enchentes e abastece o lençol freático, que é muito usado na forma de poços, pois a região é carente de abastecimento de água. Também serve para realização de pesquisas e aulas de educação ambiental, além de ser um atrativo turístico para diversas modalidades de observação da natureza, como o birdwatching”, destaca o professor.

Nos últimos meses, a mobilização tem se intensificado para que o corpo hídrico passe a ser caracterizado como unidade de conservação da natureza e proteção integral. Ainda segundo Pontes, a transformação vai favorecer o controle de espécies exóticas invasoras, especialmente as botânicas; o manejo de fauna e flora para revigoramento de populações; o fortalecimento de ações de fiscalização para combater descarte de resíduos e danos à vegetação e às espécies animais ali presentes; e vai resultar na melhoria da sinalização informativa.

“Uma unidade de conservação de proteção integral irá garantir o habitat de espécies migratórias e populações de espécies criticamente ameaçadas, como duas de peixes-de-nuvens (Rivulidae). Além disso, vai se criar um novo ponto turístico em uma área de urbanização acelerada (Itaipuaçu) e um corredor ecológico junto com o Parque Estadual da Serra da Tiririca será formado”, acrescenta o biólogo. “Por fim, um dos impactos mais importantes para o município será a garantia da economia de mais de R$ 1 milhão em serviços ecossistêmicos, sem considerar, ainda, o fato de que se terá uma nova fonte de arrecadação de ICMS Ecológico. A unidade de conservação vai contribuir para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e para aumentar a arrecadação do comércio local com turismo”, conclui.

Próximos passos
O Diagnóstico Socioambiental sobre a área, que embasa o pedido de criação da unidade de conservação ambiental da Lagoa do São Bento, já foi elaborado e enviado ao poder público, junto à minuta do Decreto Municipal. A Audiência Pública para apreciação do projeto está prevista para o próximo dia 3 de junho. Após passar pela Câmara de Vereadores, o projeto será enviado ao Executivo Municipal para sanção.




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