Integração

Carbono Azul: manguezais na mira do Subcomitê Leste

Para ajudar na preservação e monitoramento deste tipo de ambiente, uma plataforma está sendo criada

Presentes no ecossistema da região hidrográfica da Baía de Guanabara, os mangues desempenham uma função fundamental pela capacidade de estocar “carbono azul”. O termo se refere à possibilidade de o carbono ser estocado em ambientes marinhos, cuja capacidade de sequestrar o elemento químico é superior à das florestas tropicais.

A boa notícia é que o comitê está alerta quanto à importância da preservação e monitoramento dos mangues no território da bacia, e ações já estão em curso. Uma dessas iniciativas está sendo implementada pela ONG Guardiões do Mar, instituição que compõe o Subcomitê Leste. Com apoio financeiro da Fundação O Boticário, a Guardiões criou, por meio do projeto CAZUL, a primeira plataforma brasileira a reunir informação sobre o carbono azul e seus benefícios para as comunidades e os manguezais, que se encontra em fase de desenvolvimento.

Responsável técnica do projeto e doutoranda em população, território e estatísticas públicas, Laís Silvéria conta que a ideia da plataforma surgiu durante a participação da equipe no processo seletivo do CAMP Oceano, organizado pela Fundação O Boticário. “O CAMP Oceano compreendeu uma série de atividades realizadas por grupos previamente selecionados. No início, o projeto era voltado, sobretudo, para a pesquisa científica. No entanto, no decorrer do processo seletivo, ficou evidente que deveria ter uma abrangência muito maior e constituir um elo de conhecimento e informação entre sociedade, setor público e privado.”

Laís explica que a plataforma reunirá dados de estoque de carbono das florestas de manguezal da costa brasileira, além de estatísticas populacionais associadas a essas áreas. “Essas informações serão disponibilizadas na forma de um mapa interativo, em que os próprios usuários poderão selecionar uma área desejada e obter informações personalizadas. Os dados disponibilizados virão de cálculos de estoque de carbono em cada região da costa brasileira, de forma alinhada à metodologia da ‘IV Comunicação Nacional do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima’. Adicionalmente, um refinado cálculo do estoque de carbono foi realizado para a área da APA de Guapemirim, utilizando dados de campo e imagens de satélite.”

Para a construção da ferramenta, os dados de estatística populacional foram retirados da base do IBGE e recortados para as áreas de mangue. “Esses números irão fornecer estimativas do quantitativo de pessoas e atividades econômicas influenciadas pela presença do manguezal. No futuro, queremos que a plataforma funcione como um ponto de encontro de diversos setores da sociedade, em que iniciativas ambientais poderão se cadastrar para adquirir visibilidade em âmbito nacional. A ideia é que os dados sejam cada vez mais refinados com o passar do tempo, à medida que futuros financiamentos sejam captados”, explica a responsável técnica.

Na prática

Atualmente, o projeto está em fase de integração dos dados de estoque de carbono e de estatística populacional com a plataforma web. A previsão é de que o sistema seja lançado no fim deste ano.

“A plataforma quer incentivar o mercado voluntário e formal de carbono. Assim, comunidades ribeirinhas poderão estar diretamente engajadas com a proteção do meio ambiente costeiro e ter uma alternativa de renda além da principal - por exemplo, a pesca. Por outro lado, setores público e privado terão a oportunidade de mostrar sua responsabilidade socioambiental ao incentivar esse tipo de projeto”, diz Wagner Langer, doutorando em oceanografia e integrante do projeto.

Conheça o Projeto CAZUL:
LinkedIn: www.linkedin.com/company/cazul/
Instagram: @cazul.br




www.comitebaiadeguanabara.org.br