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Alto da Boa Vista: um refúgio em meio à natureza
Alto da Boa Vista é um bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Está localizado no topo do Maciço da Tijuca, que divide a cidade nas zonas Norte, Sul, Oeste e Central. É lá onde ficam o Parque Nacional da Tijuca, o Cristo Redentor, a Gávea Pequena (residência oficial do prefeito) e a Vista Chinesa. Cerca de 20 mil habitantes residem no local, que pertence à região administrativa da Tijuca.
História
No período pré-colonial, o acesso difícil ao relevo montanhoso do Maciço da Tijuca manteve a área praticamente intocada até mesmo para os habitantes originais, o povo indígena.
Tupinambá, também conhecido como Tamoio. Segundo a historiadora Lili Oliveira, em 1810 o conde Gestas veio da França e comprou um sítio na área onde hoje fica a Floresta da Tijuca, que batizou de Boa Vista. Ali, passou a cultivar café, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas, além de criar vacas da Normandia e fabricar manteiga e creme fresco.
A imperatriz Leopoldina, primeira esposa de Dom Pedro I, costumava cavalgar da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, até o Sítio Boa Vista para estudar botânica e cuidar de sua coleção de orquídeas. Outro francês que se encantou com a beleza do lugar foi Nicolas Antoine Taunay, membro da Missão Francesa, que chegou em 1816. O pintor comprou um terreno do conde Gestas no ano seguinte. A clareira aberta por ele para construir sua residência abriu a vista para a cascatinha, batizada de Cascatinha Taunay em sua homenagem.
Aos poucos, uma concentração de nobres e comerciantes franceses que se dedicavam principalmente à cultura do café formou-se no Alto da Boa Vista. Em médio prazo, o cultivo do grão resultou na devastação da floresta e na consequente ameaça aos mananciais que abasteciam a cidade. Por esse motivo, o governo imperial determinou o reflorestamento da região a partir de 1840, mas que só efetivamente foi implementado por D. Pedro II a partir de 1861. O replantio da floresta esteve a cargo do Major Manuel Gomes de Archer, nomeado pelo Imperador para cumprir tal missão.
A Floresta da Tijuca é certamente um dos mais belos recantos da cidade do Rio de Janeiro. No tempo de Dom João VI, o local já motivava os chamados pintores viajantes, que lá reproduziram belas cenas da paisagem da serra Tijucana. No local estiveram Taunay, Debret e Rugendas, entre outros, que ajudaram a formar um magnífico acervo e documentação pictórica de um tempo do Rio de Janeiro quando ainda não existia a fotografia.
Na segunda metade do século 19, durante o segundo reinado, encontravam-se no local muitas casas de estrangeiros, devido às temperaturas mais baixas ali registradas. O estilo arquitetônico predominante nas casas da região, que segue um padrão suíço, é atribuído a esse fato. As propriedades são cercadas de densa e bela vegetação, uma das características do bairro.
Nas últimas duas décadas do século 20, o Alto da Boa Vista sofreu um certo declínio, com moradores colocando muitas mansões à venda. O surgimento de novos bairros nas proximidades, como a Barra da Tijuca, passou a inspirar um estilo de vida diferente às novas gerações, associado a uma infraestrutura de comércio e segurança mais adequada para a alta classe média, e pode ter ajudado o esvaziamento do bairro.
Por fim, ocupações irregulares de algumas encostas, popularmente chamadas de favelas, também contribuíram para desvalorização dos imóveis e perda de prestígio do bairro. Entretanto, este processo de ocupações irregulares ainda é pequeno.
Atrações
Ao contrário de alguns bairros cuja atração são as praias, o Alto da Boa Vista apresenta outro tipo de atrativo. A Floresta da Tijuca, ou Parque Nacional da Tijuca, é um deles, se estendendo por parte das terras do bairro. Por ser uma parte alta onde há nascentes de pequenos rios e córregos e por não ser densamente habitado, o bairro ainda possui mananciais de águas límpidas. Certamente é um dos últimos locais ou bairros da cidade que ainda guardam esta preciosidade.
Casarões e mansões também são destaque. Em um deles funciona atualmente o Museu do Açude, que pode ser visitado.
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